Quais são os métodos de aprendizagem da leitura e da escrita?

Aprender a ler é um marco muito importante para as crianças e para as suas famílias. Daí que, quando os filhos entram para a escola, os pais naturalmente se questionem sobre os métodos de aprendizagem da leitura e a forma como se implementam na sala de aula. Mas, antes, há que clarificar quais as conceções que estão por detrás de cada metodologia.

Quais são as conceções que estão por detrás da aprendizagem da leitura?

O ensino da leitura assenta essencialmente em duas conceções, que se concretizam através de abordagens distintas relativamente ao ponto de partida e ao processo de aprendizagem: uma que valoriza sobretudo a decifração e outra que dá prioridade à compreensão. Estas conceções dão origem a diferentes métodos de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita.

De acordo com a primeira conceção, ler é ser capaz de decifrar uma mensagem codificada por um interlocutor ausente. Para tal, é necessário que o leitor conheça os sinais gráficos, saiba a correspondência entre esses sinais e os sons que lhe estão associados, e consiga dizê-los em voz alta ou mentalmente, de modo a apreender o significado da mensagem. Esta conceção concretiza-se através do método fónico ou sintético.

A segunda conceção defende que ler é mais do descobrir o som do que está escrito, consistindo em captar o significado da mensagem e procurando ativamente o sentido do texto. Para o fazer, a criança parte de textos e palavras com sentido, passando para a sua decomposição em unidades mais simples. Esta conceção recorre ao método analítico ou global.

Combinando estas duas abordagens, existe o método analítico-sintético, que é um método misto muito utilizado nas escolas portuguesas. Este método pode privilegiar uma orientação mais sintética ou mais analítica: a primeira partindo de letras ou sílabas, e a segunda de frases ou palavras escolhidas de acordo com a progressão na leitura prevista.

Na verdade, todos os métodos de iniciação à leitura e à escrita têm uma componente analítico-sintética, uma vez que têm de recorrer à síntese, juntando as letras e as sílabas, e à análise, decompondo as palavras e as sílabas. Mas há uns métodos que elegem uma abordagem mais sintética e outros mais analítica.

Além destas abordagens, existe uma outra conceção que preconiza que as crianças, ao invés de aprenderem a ler primeiro para lerem depois, devem aprender a ler lendo, privilegiando o significado, a autenticidade e a diversidade dos textos que estão na base na aprendizagem. Esta conceção concretiza-se através do método natural ou interativo.

De acordo com as conceções de leitura prevalecentes, os métodos de iniciação podem ser os seguintes:

Método analítico ou global: A aprendizagem principia com textos, frases ou palavras, para chegar às palavras, às sílabas e às letras.

Método analítico-sintético: Método misto que conjuga as duas abordagens, a analítica e a sintética, podendo privilegiar uma orientação mais sintética ou mais analítica: a primeira partindo de letras e sílabas, e a segunda de frases ou palavras escolhidas de acordo com a progressão na leitura prevista.

Método das 28 palavras: Existe um método que parte de 28 palavras iniciais para introduzir a leitura de forma analítica e globalizada. As palavras são apresentadas através de histórias e imagens e, depois, decompostas em sílabas para formar novas palavras.

Método natural (ou interativo): De caráter analítico ou global, este método é utilizado em escolas com correntes pedagógicas inovadores que apostam na valorização do significado, da autenticidade e da diversidade das produções a partir das quais se processa a aprendizagem da leitura. Este método parte de produções escritas baseadas nas vivencias das crianças, mas também pode contemplar textos de diferentes tipologias da vida real.